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sexta-feira, 22 de julho de 2016

Deus e o Diabo

DEUS E O DIABO


Me foi perguntado por um irmão, que ainda procura seu ponto de equilíbrio religioso, se na Umbanda se acredita existir o “Diabo, ou se há algum Orixá relacionada a ele” Após conversar um pouco com ele e outros irmãos presentes, pensei que seria interessante escrever sobre o assunto, já que isso deve ser dúvida de muitos.

Começo perguntando se os irmãos acreditam que existe alguma força que se compare a força divina de nosso Pai Maior “Deus/Olorum”?

Na minha visão acredito que não, pois, se assim pensássemos estaríamos colocando em pé de igualdade nosso divino criador com as forças negativas, sendo possível, portanto, uma luta inimaginável pelo poder.

Como já explicamos em nossos cursos, Olorum é o Deus supremo que tudo criou, não existindo força semelhante. O que existem são Leis imutáveis criadas por ele, onde o que fazemos em nossa caminhada evolutiva vai sendo anotado no livro da vida e essas atitudes vão sendo cobradas ou abençoadas de acordo com nossos atos.

Lembremos das palavras do Sr. Exu Caveira proferida a nós nos seguintes termos “A morte é uma consequência da vida, mas seus atos é o que vai dizer a sua consequência e o seu fim”.

Vejam que são nossas atitudes que vão dizer as consequências de nossa passagem para o plano espiritual e vão determinar também nosso fim, ou seja, para onde iremos e como iremos.

Assim, se existem Leis imutáveis criadas por Olorum, ser supremo, e são nossas atitudes que definirão nosso fim, não podemos acreditar em força igual ao de Olorum, pois colocamos em xeque sua superioridade.

Contudo, existem sim forças negativas fortíssimas, já que em virtude das dificuldades de nossa caminhada evolutiva, muitos irmãos, encarnados ou não, acabam se negativando de tal forma, que seu pensamento tem um único proposito “prejudicar o seu semelhante”.

É certo que em nossa caminhada evolutiva aprendemos muito sobre diversas coisas e em todos os campos que a vida nos proporciona, inclusive sobre as virtudes divinas (Fé, Amor, Conhecimento, Equilíbrio, Ordem, Evolução e Geração), não sendo diferente com relação a forças maléficas, tanto que existe, e isso não é novidade para ninguém, pessoas que praticam magia negra. Assim, muitas vezes o aprendizado ao invés de ser positivo, segue para o lado negativo e o Ser começa a desenvolver pensamentos ruins e com isso vai densificando sua matéria, mente e espirito, caindo para campos extremamente negativos.

Tudo o que aprendemos levamos conosco em toda nossa vida encarnada e desencarnada e isso não é diferente com os espíritos negativos, que ao desencarnarem ficam vagando, já que não atingiram um grau evolucional que lhes permitam seguir por campos melhores, onde aprenderão os verdadeiros desígnios de Olorum, e muitas vezes nem mesmo querem ir para esses campos e, em razão do seu estado de espirito e merecimento, vagam por campos extremamente negativos por estarem densos.

Como ficam vagando nesses campos, acabam encontrando outros com os mesmos pensamentos e começam a se unir para praticar o mau, onde um ajuda o outro a fazer o mau para aqueles que eles entendem ou acreditam que devem receber o mau, em virtude de seu pensamento desvirtuado, criando com isso, uma legião voltada para prejudicar aqueles que estão procurando apreender os desígnios de Olorum e que muitas vezes conscientes, não sabem o porquê as coisas acontecem.

Fazendo um paralelo com o plano material, temos invariavelmente as quadrilhas de ladrões, que nada mais são do que pessoas com pensamentos negativos que se unem para praticar o mau contra pessoas inocentes. Não tem o mesmo poder das autoridades legitimamente constituídas, mais que procuram usar todo o conhecimento adquirido em prol de levarem vantagem e fazer o mau ao próximo.

Assim, todo o conhecimento adquirido é utilizado para fazer o mau e um acaba ensinando o outro o que aprendeu em sua caminhada e com isso vão crescendo em força, já que não respeitam as Leis impostas e agem sem qualquer pudor no intuito de conseguirem o que querem. É claro que continuarão sofrendo as punições da Lei, mas, como o seu mental está completamente negativado, não se importam em continuar sofrendo, só querem que o outro sofra também.

Vejam que muitas vezes agimos de forma que normalmente não agiríamos e que muitas vezes falamos de forma impensada no claro intuito de apenas magoar o outro, quando não queríamos magoar ninguém, apenas queríamos colocar os nossos pensamentos e sentimentos de forma simples. Quando isso acontece, muitas vezes estamos sob influência desses irmãos.

Contudo, não podemos ter isso como desculpa, muito menos esquecer que mesmo sob a influência deles, temos nossa parcela de culpa e podemos e devemos combate-los, não dando entrada para pensamentos que não são nossos. Mas isso existe.

Nasce da conduta desses irmãos negativos a missão dos Umbandistas, que é mostrar a esses espíritos que suas atitudes só estão lhes prejudicando e nada de bom lhes traz, já que as entidades de luz irão nos proteger, trabalhando dia e noite para isso, dentro do que determina a Lei e dentro de nosso merecimento.

Porque dentro do que determina a Lei e de nosso merecimento? Porque muitas vezes, mesmo negativos, esses espíritos podem estar amparados pela Lei em virtude de nossas condutas (carmas, dividas passadas ou presentes e etc.) - mas isso fica para outro artigo, mais que serve agora apenas para sabermos que isso existe e pra pensarmos. Aqui vamos nos concentrar apenas em demonstrar que não existe igualdade de forças entre nosso divino criador e os irmãos negativos.

Esses irmãos negativos, após adquirirem força, começam a explorar o mental de irmãos sensíveis a esses pensamentos, para praticarem o mau, nascendo disso a sensação de que o Diabo existe e que também tem muita força.

Na verdade, essa nomenclatura foi dada apenas para justificar as atitudes desses irmãos caídos e dar um contraponto de equilíbrio as coisas santas. Contudo, não há ponto de equilíbrio com a força de Olorum e sim, com nossas atitudes, já que muitas vezes as lutas espirituais são situações mal resolvidas entre indivíduos que se perpetuam no tempo até serem desfeitas ou sanadas.

Várias religiões usam essa nomenclatura para ocultar a existência de espíritos e justificar sua doutrina, errando, ao nosso ver, de forma gritante ao comparar o Diabo (espíritos negativos) com Deus, nosso pai maior, Olorum.

Notem que a existência desses espíritos negativos respeita a Lei imutável criada por Olorum, já que nos foi dado o Livre Arbitro e em razão dele temos que passar por várias situações para aprendermos de forma plena as virtudes de Olorum, seja no campo positivo ou negativo, seja encarnado ou desencarnado, o certo é que aprendemos sempre, basta querer.

Ora, se o Ser é a semelhança de Deus e todos são seus filhos, não se pode desistir deles, apenas porque estão caídos. E é por isso que eles existem e na Umbanda se tenta mostrar a eles o caminho da Luz e da Evolução.

Na Umbanda não se nega a existência de espíritos caídos, negativos, trevosos, sofredores, etc, cada qual dentro da sua negatividade, existência, conhecimento e essência, apenas não se admite a existência de um Diabo em pé de igualdade com Deus, já que isso não existe, apenas é utilizado por outras religiões no intuito de não admitir a existência de um plano espiritual habitado, mas, todos, mesmo que de forma obliqua, deixam nas entrelinhas a existência deles quando dizem sobre a existência de Santos, Anjos, Deuses, Buda, Maomé, Diabo, Lúcifer, espíritos caídos, monstros, entre outros, sempre querendo esconder o que não conhecem e não entendem.

Portanto, de forma veemente, não há igualdade de poder entre Deus e o Diabo, se é que existe esse ser único.

Pensemos, reflitamos...

Que Olorum abençoe a todos.

Pretos Velhos

Os Pretos Velhos

Os pretos velhos na umbanda são os seres mais evoluídos que temos e os maiores trabalhadores do trono da evolução. Mas porquê?

Evolução espiritual não se mede pela classe social ou cultural do Ser quando encarnado, mas, sim, pelo grau consciencial que o Ser tem ou adquiri em relação as virtudes divinas e sua conduta em prol da humanidade, não necessitando mais encarnar para desenvolver essas virtudes.

Pensando nesse conceito, nos pusemos a meditar e a primeira imagem que nos veio à cabeça foi a de um preto velho. Vejam que se pensarmos na imagem de um preto velho, certamente imaginaremos aquele velhinho, bem pretinho, de cabelo e barba branca, encurvado, pitando seu cachimbo, sentado em um banco de madeira e bengala ao lado, falando mansamente, de forma simples, muito simples, quase que doutrinando, sempre com palavras de amor, compreensão e compaixão.

Quando paramos para pensar o quanto esse preto velho sofreu no passado, enquanto escravo, trabalhando de sol a sol, dormindo no chão de uma senzala, comendo o resto do seu senhor e muitas vezes sendo chicoteado ou vendo seus irmãos, filhos ou esposas serem chicoteados, nos perguntamos – como pode ele, mesmo encarnado e nessa situação inimaginável, ser tão bom de coração ao ponto de ainda assim, entender seu próximo, ser alegre, bom de coração, fazer a caridade e muitas vezes, como se vê nas histórias contadas, curar os parentes de seus senhores com suas ervas e mandingas, sem nada cobrar em troca?

Em razão disso percebemos que somente uma alma pura de coração poderia encarnar nessa situação, já que seu sofrimento, sem perder a compaixão com o próximo, seria, no futuro, exemplo e ensinamento a todos os encarnados no sentido de evolução.

Assim, percebemos que desde a encarnação os pretos velhos já tinham uma missão imposta por Olorum e esse sofrimento e dedicação seriam recompensados no Astral, com a criação de um arquétipo nas suas características encarnadas, para que todos pudessem contemplar a elevação da alma e não da matéria.

Tanto é assim, que Olorum em sua infinita sabedora, ao definir os arquétipos na umbanda, reservou ao preto velho o grau maior. Mais porquê? Porque eles foram, enquanto encarnados, o exemplo vivo de evolução, sofrendo os desígnios de Olorum, sempre de forma serena e evoluída, sem nunca perder sua religiosidade.

Essa imagem, se estudada, representa exatamente o que Olorum quis que ela representasse, já que se pensarmos em uma pessoa evoluída, não materialmente, mas, sim, espiritualmente, somente poderíamos pintar a imagem de um preto velho.

Assim, percebemos que os pretos velhos, mesmo quando encarnados, já trabalhavam em prol da humanidade, dando exemplo de como se deve analisar os desígnios de Olorum e como se deve abrir a mente para entender as mensagens e ensinamentos vindos do Astral, já que naquela época, quase que a totalidade dos médiuns eram escravos e os que tinham mais conhecimento e poder eram os velhos, em virtude do seu estado mental mais evoluído em razão do passar dos anos e do conhecimento adquirido na natureza, pelos animais irracionais e racionais - já que naquela época haviam muitos animais irracionais - e, por tudo o que a vida lhe proporcionava de ensinamento.

Isso não quer dizer que temos que aceitar tudo, mas, sim, compreender e tentar fazer algo melhor, como fizeram os escravos naquela ocasião passada, dando seu exemplo de vida.

Mais não paramos por ai. Pensando nisso e fazendo um paralelo com o ser encarnado nos dias de hoje, que nada sofrem como no passado se sofreu, que dificilmente passam fome, que nunca foram escravizados ou chicoteados, têm, sim, suas dificuldades, mas nada comparada aos nossos antepassados escravos, entendemos o porquê o mundo está como está, e entendemos também, o porquê os velhos escravos de antigamente, são hoje pretos velhos na umbanda, uma das entidades mais evoluídas, trabalhando no trono da evolução e ajudando os seres encarnados em suas dificuldades.

Observem que hoje as pessoas não pensão em seu próximo ou nas dificuldades da vida, muito menos nos desígnios de Olorum de forma ampla, lembrando que a vida não é apenas a encarnação de hoje, os problemas de hoje, as incertezas de hoje, mas, sim, uma sequência lógica de encarnações no sentido de evoluirmos em cada uma das sete virtudes de Olorum (quais sejam, Fé, Amor, conhecimento, Equilíbrio, Ordem, Evolução e Geração), até termos totais condições de auxiliar nosso próximo, já que somente passando pelas dificuldades de cada virtude é que entenderemos os seus significados e teremos condições de ensinar.

Como ninguém pensa mais sobre isso, vive, dia após dia, de forma egoísta, pensando somente em si e nas coisas materiais e se puderem, prejudicam um semelhante, as vezes, apenas por capricho, é que o mundo está do jeito que está, criminalidade em todos os locais, as pessoas cada vez mais tendo problemas de saúde e sendo infelizes, sempre procurando algo que está fora do seu alcance, em vez de ser feliz com aquilo que tem, sempre necessitando de um passo a mais. Devemos modificar isso, sem, claro, deixar de trabalhar e evoluir, pois temos que ter um ideal, afim de alcançarmos nossos sonhos e quem sabe, evoluirmos como pessoa.

Como isso não acontece, já que as pessoas não entenderam os exemplos deixados pelos pretos velhos, o mundo está como está. Além disso, infelizmente, as catástrofes naturais só estão aumentando, já que a espiritualidade tenta de alguma forma demonstrar a necessidade de se mudar o pensamento.

E isso é uma realidade a ser refletida, pois, se pensarmos nas pessoas encarnadas, veremos que quase sua totalidade reclamam da vida, nada fazendo pelo próximo ou por si mesmo, mais querem por que querem serem agraciados com as bênçãos de Olorum, pois entendem que são pessoas boas e que devem ser reverenciadas por isso, não aceitando as dificuldades da vida, enfrentando-as de frente, com fé e amor.

Muitas vezes não entendem sequer os motivos de seus próprios problemas, mas julgam as atitudes do seu semelhante, sem nada fazer para melhor a comunidade em que vive.

Louvemos os pretos velhos, já que desde sua essência encarnada nos ensinou muito, pena que não prestamos atenção nos exemplos que a vida nos dá e por isso passamos por dificuldades.

Vamos evoluir. Aprendamos com os pretos velhos e com os exemplos de vida dos escravos.

E justamente por essa razão que os pretos velhos irradiam os fatores divinos da evolução. Os fatores irradiados pelos pretos velhos não são somente aqueles referentes a todas as virtudes, que também está inserida no seu campo de atuação, mas a evolução em todos os sentidos relacionadas ao Ser, seja material, espiritual, conciencial, profissional, entre outras.

Salve os pretos velhos.